quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Dicionário das ideias visualizáveis

Uma das perguntas mais comuns entre quem quer fazer infografias é: por onde começar, em termos de leitura? Qual livro deveria ser obrigatório ter numa biblioteca sobre o assunto? Em minha opinião, não dá para avançar muito no assunto se você não conhecer as várias possibilidades de visualização gráfica, para as mais diversas situações. Afinal, uma infografia não se resume apenas ao uso de gráficos estatísticos ou de mapas acompanhados de ilustrações.

Por esse ângulo, o livro Information Graphics – a comprehensive illustrated reference, de Robert L. Harris, é um verdadeiro “amigão”. Isso porque ele é uma espécie de dicionário (ou enciclopédia) de gráficos informativos. A obra é dividida em centenas de verbetes explicativos, todos ilustrados especificamente para a mesma, apresentados de modo bem didático.

Antes, é preciso considerar ao leitor de língua portuguesa que as expressões “information graphics” e “infographics”, na cultura anglo-saxã, vários autores (como Peter Sullivan, Erik Meyer, James Stovall, Nigel Holmes, Tim Harrower, Jennifer George-Palilonis, Edward Tufte) referem-se genericamente a todo e qualquer tipo de texto gráfico-visual (mapas, gráficos, tabelas, diagramas etc.). Fazemos essa advertência pelo fato de que alguns autores de língua espanhola tendem a delimitar o conceito de infografia aos diagramas explicativos jornalísticos (como o fazem José Manuel de Pablos, Gonzalo Peltzer, José Luis Valero Sancho e Carlos Abreu Sojo, por exemplo. Alberto Cairo e Elio Leturia são algumas das exceções). É tendo em vista essa “definição anglo-saxã” que o livro de Robert L. Harris deve ser compreendido.

Com a leitura de Information Graphics, fica claro que a linguagem gráfico-visual é composta de vários gêneros e subgêneros distintos. Isso mostra a importância, para o profissional da área, de se conhecer as diferentes possibilidades de visualização de dados (espaciais, temporais, numéricos etc.). Além disso, Harris não se detém, em nenhum momento, em citar softwares específicos para a geração desses gráficos; ele deixa claro que o aspecto central de sua obra é o conhecimento dos diferentes tipos de gráficos e sua finalidade para cada situação.

Mas ele prioriza outro aspecto também importante: a capacidade de interpretação de um gráfico. Outra de suas preocupações é que os gráficos informativos comuniquem bem, de modo a evitar ambiguidades de sentido e a facilitar a compreensão por parte do leitor. Assim, os exemplos que constam na obra são extremamente simples (mas não simplórios): deixam claro para que servem e como podem ser interpretados.

Isso não significa que todos os exemplos presentes na obra devam ser usados pelo profissional de imprensa. Obviamente, isso depende do perfil tanto de cada publicação quanto de seu leitor; assim, um jornal popular dificilmente usará os mesmos tipos de gráficos de uma publicação especializada em economia ou ciência. Indiretamente, o que queremos dizer é que essa obra solicita um letramento mínimo em Cartografia e, principalmente, em Estatística Descritiva.

Além dos gráficos, a obra também fala das partes que compõem os gráficos informativos (abscissas, eixos, elementos pictóricos, colunas, cores etc.). Fica claro que a obra não ensina a fazer infografias jornalísticas (num sentido restrito), mas mostra quais são os modos e as “ferramentas” possíveis para visualizar dados.

Enfim, Information Graphics é, ao mesmo tempo, excelente tanto para tirar dúvidas sobre a área quanto para auxiliar na visualização de dados de diferentes naturezas.

Robert L. Harris

Information Graphics – a comprehensive illustrated reference

Oxford, Oxford University Press, 1999, 448 páginas

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